TOC
Transtorno Obsessivo-compulsivo, é a repetição de algum ato diversas vezes ao dia, não controlável e causador de grande ansiedade.
Freud revelou,em sua teoria sobre as neuroses, uma característica fundamental na neurose obsessiva; o seu vinculo estrutural com o sentimento de culpa. Através das referências nas representações e afetos atuais, das experiências precoces geradoras de prazer, o sujeito se vê invadido por recriminações, com as quais Freud chega a identificar-se com a idéia obsedante em si mesma, isto é recriminação, que o obsessivo faz a si mesmo, ao reviver o gozo sexual que antecipava a experiência ativa de outrora.
Freud também nos diz que o obsessivo crê na representação recalcada. Este fenômeno da crença (Glauben) ou descrença (Unglauben) na representação vai ser, aliás, de extrema importância no estabelecimento do diagnóstico diferencial entre a neurose obsessiva e a paranóia que é uma psicose. Fiquemos por ora com a neurose obsessiva: o sujeito crê na auto-recriminação, crê na representação recalcada, e é esta crença que o permite duvidar. A dúvida, que Descartes elevou à dignidade de um método filosófico, não é apenas um sintoma da neurose obsessiva. É também uma defesa contra a angústia, contra o afeto que se desloca de uma representação a outra.
Para falar da política da neurose obsessiva, Lacan lança mão de um mito apresentado por Hegel na Fenomenologia do espírito. Tentarei fazer um resumo, necessariamente precário, dado à complexidade e importância da obra de Hegel, do mito em questão, para tentarmos apreender a política do sujeito obsessivo. Hegel propõe um mito da origem do pensamento humano: dois sujeitos se confronta numa rivalidade especular, imaginária e portanto tingida de amor e ódio.
São sujeitos do desejo: cada um deseja que o outro o reconheça como uma “consciência de si”; são portanto animados pelo desejo consciente de reconhecimento. No embate, um deles abre mão do gozo da vida em prol da vitória, que lhe garantiria a liberdade. O outro, temeroso, não abre mão do gozo da vida e, assim sendo, perde a liberdade. É uma disputa sem vencedores e vencidos, pois o primeiro, o mestre, ganha a contenda mas passa a depender do outro, o escravo perdedor, para gozar a vida. O escravo, que é aparentemente o derrotado, detém os meios de fazer gozar o mestre.
A obsessão é para o paciente uma tábua de salvação, pois constitui um obstáculo aos seus impulsos, o neurótico se agarra a ela, sente que a obsessão o protege contra as tendências inconscientes.
"No Mal Estar da Civilização" Freud comenta que na neurose obsessiva há tipos de pacientes que não se dão conta de seu sentimento de culpa ou apenas o sentem com um mal estar atormentador, uma espécie de ansiedade, se impedidos de praticar certas ações. Ele nos mostra que o sentimento de culpa nada mais é do que, uma variedade topográfica da ansiedade, em suas fases posteriores coincide completamente com o medo do super ego, isto é, a severidade da consciência, a percepção que o ego tem de estar sendo vigiado, desta maneira, a avaliação da tensão entre os seus próprios esforços e as exigências do super ego.
Em alguns casos clínicos de Freud ele fala desse sentimento de culpa inconsciente relacionado à medida que há um desmembramento dessas manifestações recalcadas há a possibilidade do terapeuta estar mais próximo dos conteúdos representacionais e ter uma visão mais clara do processo que obrigou o paciente a entrar no quadro das neuroses.
Obsessões são pensamentos, imagens, impulsos, que ocorrem de modo repetitivo, intrusivo, usualmente associados com ansiedade, que a pessoa não consegue controlar, apesar de reconhecer seu caráter anormal. Compulsões são atos ou comportamentos, recorrentes e repetitivos, que o paciente é forçado a realizar, sob pena de entrar em um estado de acentuada ansiedade.
As compulsões costumam se elaborar em rituais com atos relacionados com limpeza, verificação, contagem. O paciente toma dez, trinta banhos por dia, de acordo com um esquema predeterminado. Lava as mãos toda vez que se encosta a certo tipo de objeto. Conta às cadeiras de um cinema para se sentar, exatamente em determinada posição. Certificam-se, inúmeras vezes, de que não deixou uma porta aberta. As obsessões e as compulsões surgem, ou tornam-se evidentes, no início da vida adulta.
Tendem a piorar com a evolução da doença e a ocupar uma parcela cada vez maior do tempo do indivíduo. O grau de incapacitação é sempre considerável e pode atingir extremos quando o paciente torna-se virtualmente paralisado pelos sintomas, incapaz até de levar um garfo até a boca.